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segunda-feira, 20 de abril de 2009

19 de Abril, "Dia do Índio".

Galdino, o Pataxó Queimado

Ontem foi "Dia do Índio". E índio tem dia? Que dia é o dia do índio? Afinal, que lance é esse de "Dia do Índio"?

Primeiro: não há índios no Brasil. Há indígenas. Poucos indígenas em meio a milhões de alienígenas, invasores, agressores, usurpadores de riquezas e culturas (não comparar: alienígenas e extra-terrestres, por favor).

Cria-se um dia para um ser tutelado. Deveria ser, "Dia da Tutela Indígena". Ficaria mais claro para as crianças em seus "instrutivos" livros didáticos.

Saberiam que, em relação a elas mesmas, os indígenas são comparados. Tutelados. Não respondem por si mesmos. Poucos direitos como cidadão "comum", legislativamente falando - aliás, as crianças da cidade, no colégio, deveriam saber que elas tem mais direitos que os próprios povos indígenas.

Desde a façanha dos achamentos de terras na época das grandes navegações aos dias de hoje, ainda temos o termo "índio", historicamente equivocado e que não condiz com aquilo que cotidianamente vivenciamos - aliás, não há cotidiano indígena em nossa vivência (alguém viu algum indígena na última semana? Se sim, parabéns!).

O mais próximo que chegamos a um indígena é quando compramos um saco de farinha de mandioca industrializada no mercado ou pagamos um risóles "práquele moleque de zóio rasgado e pele morena lá no centro da cidade".

Falam de aculturação. O que acontece é desvio. Aculturação é quando o aprendizado e a troca são recíprocas. O que acontece é domínio. Indígenas engolem nosso vômito cultural à força. Goela abaixo. E nós, aprendemos sobre eles em dias como esse: "Dia do Índio". Tem sido assim há pelo menos 500 anos.

Comemoração cívica de colégio. Deseinhos para crianças. Desprezo de adultos. Coisa do Getúlio.

E sobre o lance de atear fogo, eu nem me lanço às palavras.

Obs.: minha hipócrita e envergonhada homenagem ao Sr. Galdino Jesus dos Santos, o indígena de nome português que foi queimado vivo, enquanto dormia, num ponto de ônibus, por alguns maurícios da capital brasileira, um dia após à comemoração do que deveria ser o "seu dia".

Bom, de certa forma, foi o seu dia. Dia de morte.

Mas tudo bem, eles pensaram que era um mendigo. Então, tá explicado.

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